sexta-feira, 28 de maio de 2010

Chatroulette, síntese da interatividade na web?!?

Interatividade significa mais comunicação? A dúvida me surge, ao analisar a última maluquice na Internet, chamada "Chatroulette" (que já ficou velha, aliás).

O termo interatividade "ressalta a participação ativa de um beneficiário de informação" (LÉVY, 1999). Porém, na verdade, o que existe são graus de interatividade, medidos por características diversas como a reciprocidade, as possiblidades de reapropriação e personalização da informação, a virtualidade e a implicação da imagem do participante na mensagem.

Em certa medida, teríamos todas essas possibilidades no "Chatroulette", um site que possibilita a conversa instantânea através da webcam com desconhecidos em algum canto do mundo. Entrando neste "ambiente virtual", aparecerão um espaço para conversa em texto (reciprocidade), a sua imagem numa telinha e, ao lado desta, algum louco(a), na maioria das vezes pelado(a), aparecerá na sua frente (implicação da imagem do participante), com a possibilidade de manter contato, ou simplesmente apertar o botão "next" para ver o próximo(a) maluco(a) (possibilidade de reapropriação/ personalização). Oh! Chatroulette, síntese da interatividade na web!!!

Bom, o caráter randômico da ferramenta permite por em contato todos com todos. E o "controle remoto", definitivamente, está nas suas mãos. Mas não há ligação, não há relação. A interatividade está lá, mas vazia de significado! O próprios criadores "oficializam" essa falta de significado ao encarar a coisa toda como uma brincadeira ("Para jogar ative sua câmera")... Um jogo que põe em contato você com outras pessoas, deveria no mínimo promover isso, mas ninguém conversa com ninguém, e tudo não passa de uma ferramenta voyerística, resumida na curiosidade de ver quem aparece depois. E, surpresaaaa... O que vem depois? "pintos", "caras emburradas", 'pintos", "tóraxes sem cabeça", "peitos", "grupo de adolescentes que não tem o que fazer", "pintos", "uma tela escura", "um casal transando", "pintos"... Todos passando por você numa velocidade espantosa... next...next...next...

Não, não "demonizo" o Chatroulette (apesar de muitos ali merecerem "arder nos quintos"...ehehehe). Só não vejo sentido na ferramenta. Um bom exemplo de que nem tudo na internet deve ser idolatrado. E de que o ideal de interatividade, no final das contas será apenas um "ideal", se o donos do "controle remoto" não souberem o que fazer com ele! É esperar a próxima novidade...NEXT...

Post escrito pelo publiciberiano José Maria Mendes (P65 - noturno) a partir de leitura e reflexão do livro Cibercultura (1999) de Pierre Lévy.

Crédito das imagens: Brainstorm9

7 comentários:

Anônimo disse...

Interatividade para mim é sim você se comunicar com outras pessoas que podem ser seu vizinho ou estar do outro lado do mundo, assistir a um show da sua banda favorita tocando em londres em tempo real ou assistir uma palestra e poder participar dela por meio de vídeo conferência. Mas no caso desse site chatroulette, que sinceramente não tinha ouvido falar, é bizarrice e falta do que fazer. Mas temos que considerar uma coisa também, que isso faz parte da natureza humana o fato de sermos todos voyeurs, veja o tamanho sucesso de programas tipo o Big Brother, que são pessoas que não fazem nada de produtivo durante 3 meses e tem audiências astronômicas. Mas todo cuidado é pouco, a sua intimidade pode estar sendo invadida de uma forma avassaladora apartir do momento que se entra em um site como esse e tira a roupa por exemplo, existem vários meios de se gravar uma conversa, um transmissão de vídeo e disseminar por todo o ciberespaço. Então, como disse: Todo cuidado é pouco!

Geovanna Ádya disse...

A CNN fez uma reportagem sobre o Chatroulette e, a meu entender, o lado mais positivo do portal é a materialização do mesmo como vitrine para o mundo, o que o faz uma ferramenta publicitária inusitada, mas interessante se você tiver algo interessante a mostrar antes do "next".

Fla Luna disse...

Chatroulette como estratégia publicitária? Não tinha ouvido falar nisso. Bem, pode funcionar no começo, mas depois vai ser considerada tão invasiva qt a publicidade na TV. Numa sequência de cenas obscenas, aparece uma marca (que, às vezes, é tb obscena). Parece que, dessa vez, não existe um uso saudável pra ferramenta. E os adolescentes estão lá...preocupação!

Adorei saber o seu período, Zé! hehehe.

Unknown disse...

O Famoso Chatroullete! O contato com pessoas de todo o mundo e a possibilidade de interação é de fato incrível, mas tudo é muito efêmero, muito passageiro. "A interatividade está lá, mas vazia de significado!".A nossa vida é pautada em significados, não adianta termos a experiência de interatividade se essa experiência não nos proporciona nada mais além dela própia. Como o texto fala essa é uma prova de que nem tudo na internet deve ser idolatrado, pois as pessoas têm mania de agregar valores lúdicos e utópicos ao ciberespaço que pareçe mais que ele veio do nada e se fez, mas nós não podemos esquecer que a cibercultura é formada pelas ações de todos os terráquios nesse novo "planeta" chamado web 2.0. A cibercultura é o reflexo de nossas ações fora da rede.

Anônimo disse...

Posso estar engana, mas acredito que na interatividade haja a possibilidade de você alterar algo, ter um certo controle. Como foi citado no texto, de acordo com Lévy, "participação ativa". O que não acontece, por exemplo, com programas de tv ou rádio "interativos", onde você escolhe um número e participa. Ali seu potencial "ativo" é restrito, você tem um limite, não pode ir além da proposta. No chatroullete creio que há interatividade, bizarra, mas interatividade. Ali não há limites. Se as partes quiserem, desde as mais puras idiotices a bizarrices sexuais podem ser feitas. Não há opção: digite 1 se quiser ver meu pinto; 2 se quiser ver meu torax; 3 se quiser ver minha cara de tédio... Ali vc pode ver o pinto e depois resolver casar com ele, qual o problema? Nada impede. Alto grau de interatividade. Bobagem? Pode ser, mas não é uma inverdade. De acordo com um texto que nos foi passado na faculdade, creio que no P3 (infelizmente não lembro o nome do autor nem da obra, faz muiiito tempo), havia a discussão sobre interatividade e, depois que li, concluí que interatividade não é apenas ter uma ou utra opção de escolha, mas poder atuar de forma mais livre e dinâmica.

Sher

Ana disse...

Duas coisas me parecem fundamental neste debate: a questão do controle e do tipo de interatividade.
O controle, ou melhor, ou a ausência dele, facilita a interatividade. Isto porque se não há uma pessoa dominante, que determina o conteúdo e a forma que a comunicação acontecerá, a interação poderá ser mais facilmente praticada. Neste aspecto, o Chatroulette pode ser considerado interativo porque nçao vemos controladores.
No entanto, a outra questão interessante é verificarmos se a interação permite apenas uma escolha dentre diversas opções ou se ela realmente possibilita uma relação com outra pessoa (ou outras) que se desenvolva no percusso da comunicação. Não seria uma interação limitada ao fato de escolher entre "esquerda" ou "direita", ou este maluco ou o próximo que vier, mas de você poder realmente ter liberdade de construir uma relação.
Sobre o assunto eu gosto de algumas características do relacionamento de Alex Primo traz em seu livro "Interação Mediada por Computador" que devem constar nas interações.
Ana

flávio disse...

Esse tipo de interativade não traz nada que possa ajudar num aspecto positivo na personalidade de alguém, pois se o que ocorre são sempre pessoas que parecem estar na maioria das vezes com um grande apetite sexual e só fazem mostrar suas "partes" talvez quem inventou o Chatroulette esteja arrependido por vê que sua invencão nada ou pouco desenvolve em termos de boa funcionalidade no tocante a interativade nos relacionamentos.

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